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Por que comemos tantos ultraprocessados? - contexto familiar

  • agiteexplica
  • 26 de out.
  • 2 min de leitura

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Se você está comendo sozinho enquanto navega pelas redes sociais, bem-vindo à nova mesa brasileira. Hoje em dia, ela é menor e a estrutura familiar mudou muito.

Em 1960, a média de filhos por mulher no Brasil era 6,3. Segundo o IBGE, em 2022 esse número caiu para 1,67. Acredito que hoje, ele seja ainda melhor. As famílias são menores e mais gente está morando sozinha: eram 10,4% dos domicílios em 2000. Em 2022? Já passam de 15%. E quem come só, costuma comer com a tela: TV, celular, computador, tablet. Estudos mostram que o uso de telas durante a refeição reduz a atenção ao alimento, aumenta o consumo calórico e a preferência por alimentos de baixo valor nutricional. [Fonte: Ogden et al., AJCN, 2007; Robinson et al., Appetite, 2013]

Mas não foi só a família que diminuiu nos últimos anos, o espaço que elas ocupam, também. No passado, a cozinha era o coração da casa — lugar de encontro, de convivência, de receita passada de geração, de conversa boa na mesa e risadas. Hoje, ela virou um canto apertado, quase sem mesa, quase sem tempo, quase sem afeto.

Apartamentos e studios de 30, 20, 10m², onde as cozinhas são uma micro bancada, muitas vezes sem forno ou fogão, onde o microondas e a Air Fryer carregam toda a responsabilidade da alimentação.

E isso afeta o que a gente come. Com menos tempo e menos espaço, o tempo da cozinha virou tempo de delivery. Por que ao mesmo tempo que é mais simples cozinhar para uma pessoa só, também é mais desafiador! Acertar as quantidades das porções não é nada fácil e, normalmente, nos deparamos com duas opções: passar a semana toda comendo a mesma coisa ou acabar jogando comida fora. Experiência real de quem já morou sozinha: fazer macarrão é sempre um momento de insegurança, ou você passa fome ou faz uma quantidade absurda que alimentaria um time de futebol. E eu sei que se você mora sozinho, também já viveu isso!

Dessa forma, se instala o ambiente perfeito para os ultraprocessados: convenientes, gostosos, com porções individuais, sem necessidade de cozinhar. Segundo a Pesquisa de Orçamento Familiares, em 2018, eles representavam 23% do total calórico da dieta dos brasileiros.

A praticidade tá ganhando, mas e o que a gente perde com tudo isso? Saúde? Receitas familiares? Convivência? Habilidades? Conhecimento?


 
 
 

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